quinta-feira, 20 de setembro de 2007

SÓ 5 MINUTOS DE FAMA


Gustavo Cordeiro

A pequena JS, de cinco anos apenas, já sabe o que vai ser quando crescer: famosa. Ela faz coro a muitas crianças de sua idade, mas será isso um problema?

Recentemente a revista Imprensa (voltada a profissionais da comunicação) estampou em sua capa “FAMA - A incrível fábrica de factóides” e os repórteres Pedro Venceslau, Gabriel Kwak e Karina Padial se empenharam em desmascarar o namoro entre Karina Bacchi, 30, e José Valien, 59 (quem? Ah, o baixinho da Kaiser...), desmistificar a Ilha e O Castelo de Caras, além de açoitar outras “celebridades”.

Segundo a matéria, temas pertinentes como aquecimento global e violência perdem espaço para assuntos que nem mesmo são notícias, partindo do pressuposto que só é notícia fatos que interferem no cotidiano das pessoas. No caso de JS, muda completamente a rotina familiar, já que sua mãe tem que convencê-la a comer, afirmando que “ela não vai ficar gorda se comer direitinho”.

Mas a indústria da fama é a sétima praga, como pinta a revista? Arnaldo Branco, jornalista e desenhista comenta: “Estranho um pouco toda essa bronca com a cultura das celebridades - acho que isso só te afeta se você se importa. É natural que a vida de quem se destaca da multidão atraia interesse; a diferença hoje é de material humano - quando os Vips eram Frank Sinatra ou Marilyn Monroe não havia tanta reclamação. Mas nossa fome de entretenimento sempre foi enorme – vale lembrar que Andy Warhol já previa a democratização da fama muito antes dessa tendência”.

Antonio Guerreiro, que já fotografou diversas celebridades, instantâneas ou não, concorda com Branco, dizendo: “fotografei só no estúdio e com hora marcada. Todas e todos foram muito afáveis, profissionais e de relacionamento muito fácil, pelo menos comigo. Na realidade, eles se tornaram amigos e até casei com algumas delas. Sempre fez parte dessa curiosidade que as pessoas têm pelos famosos, em qualquer lugar do mundo e em qualquer tempo, desde os anos 20, 30 etc...”.

Dizer que notícia é só o que altera o cotidiano consiste em exagero, estando os dois pontos-de-vista parcialmente corretos, mas enquanto perdura esse debate, D. Odite segue com sua não notícia, convencendo JS a comer.

Nenhum comentário: