segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Anúncio virtual? Que nada... É Panfleto mesmo

Paulo Sampaio

Já faz muito tempo que a internet deixou de ser novidade nas grandes cidades brasileiras. Mas a comunicação, ao contrário do que se pensou, não migrou totalmente para aquele veículo. É bem fácil constatar isso. Convidamos você a caminhar pela Rua Visconde de Pirajá, em Ipanema, por cerca de cem metros. Provavelmente vai chegar ao ponto final com muitas filipetas, de todos os tipos de mensagem: “trago marido em apenas três dias”, “compro seu carro velho em qualquer estado”, “dinheiro emprestado é com a gente mesmo!”. A forma de se comunicar não mudou muito no centro das grandes cidades, e a sujeira e incômodo que a panfletagem proporciona também não.

Com a palavra dona Vera, gari da cidade: “a gente cata mais de uma tonelada desses papeis aqui na Visconde. Esse pessoal suja mesmo”. E a reclamação da Dona Vera é a mesma dos moradores do bairro de Ipanema. No passeio com os filhos, na pressa do trabalho ou caminhando para ver a moda, todos são interpelados constantemente por funcionários contratados com o único intuito de entregar papéis. É o caso de Mariano, que costuma ficar em pé por mais de oito horas distribuindo filipetas. “É cansativo, e a gente sabe que incomoda. Às vezes as pessoas olham para a gente com raiva, mas não tem jeito, eu tenho que trabalhar para receber” explica.

Essa técnica ainda deve durar muito tempo, e nem as novidades da comunicação parecem mudar essa realidade. Dessa forma, será necessária uma pasta dividida em vários arquivos e seções para organizar as infinitas oferendas comerciais, e enquanto a comunicação não evolui neste quesito, as caminhadas por Ipanema continuam turbulentas.

Nenhum comentário: